As raízes da celebração pascal estão no judaísmo, depois foram absorvidas pelo cristianismo e de certa forma deturpadas e transformaram na celebração atual da páscoa. Com seus coelhinhos, com seus ovos de chocolate e com uma festa que quase não guarda relação alguma com a páscoa genuína.
A páscoa é uma celebração judaica do momento em que o povo hebreu é libertado da escravidão no Egito e forma a nação judaica, culminado com o decálogo ou 10 mandamentos.
É importante salientar que o Antigo Testamento, conforme nos diz Emmanuel no Livro A Caminho da Luz, “é um repositório de conhecimentos secretos., onde somente os mestres da raça poderiam interpretá-lo fielmente” [1].
Sendo assim, dentro desse simbolismo religioso, a Páscoa diz que o povo hebreu estava cativo há 400 anos no Egito, o Egito então foi invadido por um anjo da morte que levaria o primogênito de cada família, mas naquelas casas onde havia a marca de sangue de um cordeiro o anjo pularia. Como o verbo pular em hebraico é pessach ou pasha, do grego, daí vem Páscoa, a Páscoa então é o pulo do anjo nas casas que tem a marca do cordeiro. Como somente os hebreus sabiam da profecia, morreram os primogênitos das famílias egípcias, inclusive do Faraó, que a partir daí autorizou libertar o povo de Moisés.
O cordeiro, na celebração da Páscoa judaica, ficava uma semana com a família, esse cordeiro ficava dentro de casa, vivendo como um membro, criavam uma relação de afeto. Então, ao entardecer da sexta-feira o animal era sacrificado e tinha que ser assim. Se alimentar do cordeiro precisava ser uma experiência de dor, a perda de alguém amado. Essa é a experiência da Páscoa, libertação espiritual seguida de uma desilusão.
Jesus, que em sua humildade sempre respeitou a parte sincera da tradição judaica, tem uma ligação muito forte com a Páscoa, ele que conviveu 3 anos com os discípulos, cura cegos, paralíticos, ia todos os dias na casa de Simão Pedro, hospedava-se lá, acordava cedo e pescava com eles.
No momento final dos 3 anos, reúne os 12 numa ceia que antecede a ceia Pascal dos judeus e diz pra eles que iria partir, que iria voltar para o mundo espiritual, mas que os amava muito e estaria junto com eles para sempre em espírito, comandando a expansão do Cristianismo, porque a vida não cessa no túmulo. Eis a desilusão, desilusão daqueles que achavam que o messias seriam um guerreiro, um político ou um dominador. Ver seu mestre imolado numa cruz, como o cordeiro da Páscoa.
Como podemos ver a Páscoa genuína, muito pouco (ou nada), se assemelha com a comemoração da Páscoa atual. Em alguns países da Europa e Ásia Menor, havia (e ainda há) festividades politeístas relacionadas a chegada da primavera e a deusas da fertilidade, uma dessas deusas era representada por uma lebre (não coelho), as sacerdotisas dessa deusa previam o futuro através das vísceras do animal sacrificado. É comum, nesta festividade pagã, o hábito de pintar ovos cozidos com cores diferentes, figuras abstratas e decorá-los, substituídos, hoje, por ovos de chocolate. Posteriormente com a chegada do cristianismo, essa mesma comemoração, ou seja, na mesma época do ano, passou a ser empregada para denotar o aniversário da ressurreição de Cristo.
A Doutrina Espírita não comemora a Páscoa, ainda que acate os preceitos do Evangelho de Jesus, o guia e modelo que Deus nos concedeu: “(…) Jesus representa o tipo da perfeição moral que a Humanidade pode aspirar na Terra.” Contudo, é importante destacar: o Espiritismo respeita a Páscoa comemorada pelos judeus e cristãos, e compartilha o valor do simbolismo representado, ainda que apresente outras interpretações.
Capítulo 7 – O Povo de Israel – O JUDAÍSMO E O CRISTIANISMO